O presidente eleito dos Estados Unidos, que durante a campanha prometeu fazer regressar as tarifas sobre produtos importados para fazer voltar a crescer a produção norte-americana, ameaçou no sábado o grupo de países BRICS se estes ousarem enfraquecer o dólar.
"Sem isso", estes países, que incluem, para já, o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, "serão submetidos a direitos alfandegários de 100 por cento e deverão dizer adeus às suas vendas na maravilhosa economia americana", acrescentou Trump. "Podem ir encontrar outro 'palerma'. Não há hipótese do BRICS vieram a substituir o dólar americano no Comércio Internacional e qualquer país que tente deverá dizer adeus à América", opinou ainda o multimilionário.
O grupo dos BRICS tem atualmente uma dezena de membros oriundos de mercados emergentes, tendo sido fundado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Um dos seus objetivos é criar uma alternativa à hegemonia ocidental no mercado de trocas mundiais e ao uso do dólar americano como moeda de referência.
No domínio financeiro, o grupo admitiu deixar de usar o dólar nas suas trocas, passando igualmente pela criação de uma moeda própria comum.
O projeto iria contudo implicar a renúncia a uma parte da sua soberania no seio de um grupo de países muito heterogéneos, estando longe de se concretizar.
No final de outubro, a cimeira dos BRICS em Kazan, na Rússia, o presidente russo, Vladimir Putin anunciou aliás renunciar, neste estádio, a uma moeda única comum, considerando que a ideia "ainda não está madura".
Donald Trump deverá tomar posse a 20 de janeiro, mas está já a multiplicar ameaças de aumento de tarifas alfandegárias, dirigidas a vários países, incluindo de 25 por cento aos produtos de vizinhos México e Canadá e à revelia dos acordos de comércio livre em vigor entre os três países, e levantando receios de uma guerra comercial, que prejudique o crescimento comercial.
Trump prometeu que irá manter a sobretaxa "até que as drogas, em particular o fantanil, e que todos os imigrantes ilegais parem esta invasão do nosso país".